Robert Pirsig (in: "Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas")

quarta-feira, 23 de junho de 2010

RELIGIÃO: INTOLERÂNCIA E INFECÇÃO NO PROCESSO PÚBLICO DE ENSINO




Livros de ensino religioso em escolas públicas estimulam homofobia e
intolerância, diz estudo



Uma pesquisa da UnB (Universidade de Brasília) concluiu que o preconceito e
a intolerância religiosa fazem parte da lição de casa de milhares de
crianças e jovens do ensino fundamental brasileiro. Produzido com base na
análise dos 25 livros de ensino religioso mais usados pelas escolas públicas
do país, o estudo foi apresentado no livro “Laicidade: O Ensino Religioso no
Brasil”, lançado na última terça-feira (22) em Brasília.

“O estímulo à homofobia e a imposição de uma espécie de ‘catecismo cristão’
em sala de aula são uma constante nas publicações”, afirma a antropóloga e
professora do departamento de serviço social, Débora Diniz, uma das autoras
do trabalho.


Livros de ensino religioso estimulam a intolerância?

A pesquisa analisou os títulos de algumas das maiores editoras do país. A
imagem de Jesus Cristo aparece 80 vezes mais do que a de uma liderança
indígena no campo religioso -limitada a uma referência anônima e sem
biografia-, 12 vezes mais que o líder budista Dalai Lama e ainda conta com
um espaço 20 vezes maior que Lutero, referência intelectual para o
Protestantismo. João Calvino nem mesmo é citado.

O estudo aponta que a discriminação também faz parte da tarefa.
Principalmente contra homossexuais. “Desvio moral”, “doença física ou
psicológica”, “conflitos profundos” e “o homossexualismo não se revela
natural” são algumas das expressões usadas para se referir aos homens e
mulheres que se relacionam com pessoas do mesmo sexo. Um exercício com a
bandeira das cores do arco-íris acaba com a seguinte questão: “Se isso (o
homossexualismo) se tornasse regra, como a humanidade iria se perpetuar?”.

Nazismo
A pesquisadora afirma que o estímulo ao preconceito chega ao ponto de
associar uma pessoa sem religião ao nazismo – ideologia alemã que tinha como
preceitos o racismo e o anti-semitismo, na primeira metade do século 20. “É
sugerida uma associação de que um ateu tenderia a ter comportamentos
violentos e ameaçadores”, observa Débora. “Os livros usam de generalizações
para levar a desinformação e pregar o cristianismo” , completa a
especialista, uma das três autoras da pesquisa.

Os números contrastam com a previsão da Lei de Diretrizes e Base da Educação
de garantir a justiça religiosa e a liberdade de crença. A lei 9475, em
vigor desde 1997, regulamenta o ensino de religião nas escolas brasileiras.
“Há uma clara confusão entre o ensino religioso e a educação cristã”, afirma
Débora. A antropóloga reforça a imposição do catecismo. “Cristãos tiveram
609 citações nos livros, enquanto religiões afro-brasileiras, tratadas como
‘tradições’, aparecem em apenas 30 momentos”, comenta a especialista.

(In: http://educacao. uol.com.br/ ultnot/2010/ 06/23/livros- de-ensino- religioso- no-b
rasil-estimulam- homofobia- e-intolerancia- diz-estudo- da-unb.jhtm )

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