Robert Pirsig (in: "Zen e a Arte da Manutenção de Motocicletas")

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

DE NOVO, A BATALHA ENTRE A IGREJA E O ESTADO



Audiência na Justiça Federal, em São Paulo, discutirá retirada de símbolos religiosos em espaços públicos


Erich Vallim Vicente


Um dos maiores trunfos da sociedade ocidental foi ter separado o Estado da Igreja. Como é de conhecimento comum, com base nos ideais da Revolução Francesa, de 1789 – "Igualdade, Fraternidade e Liberdade" –, os revolucionários burgueses destituíram o reinado dos Bourbon na França, decapitando na guilhotina Luis XVI e a rainha Maria Antonieta. Claro, nem tudo foi tão simples como aparece nestas poucas linhas. Há de se lembrar do período da Restauração, com a vitória das dinastias europeias em Waterloo, em 1815, e a prisão do general Napoleão Bonaparte. Dar um maior aprofundamento a estes pormenores, no entanto, é trabalho mais crível a historiadores, que há dois séculos se debruçam sobre o tema.

Fato é que o Ocidente limitou a autoridade religiosa, e isso não só foi bom naquele momento histórico, como continua sendo o diferencial desta sociedade perante culturas orientais, onde imãs, aiatolás etc. ainda dão as cartas. Ao estabelecer que a autoridade política não se origina de "predestinação divina" mas deve surgir da vontade do povo, os pensadores do Iluminismo – base teórica que se desencadeou na Revolução Francesa – legaram ao mundo a divisão entre o que interessa apenas a crenças pessoais e o que, de forma muito mais abrangente, está somente na esfera coletiva, onde "somos todos somos iguais perante a lei". Assim, cunhou-se o termo `Estado laico', do Liberalismo, o que difere totalmente de um `Estado ateu'.

Mas também é evidente que a religião mantém influência e faz parte do cotidiano do Ocidente.No ano passado, durante a eleição presidencial, o embate entre `Igreja' e `Estado' voltou à tona, envolvendo a liberação do aborto ou do casamento homossexual. Agora, 2011 inicia com outra polêmica. Está convocada para 24 de fevereiro, na 3a Vara Cível da Justiça Federal, em São Paulo, audiência pública com a finalidade de ouvir opiniões a respeito da continuidade ou não de símbolos religiosos afixados em estabelecimentos públicos. É comum em repartições públicas haver crucifixos, imagens sacras e, como acontece na Câmara Municipal de Piracicaba, ser feita a leitura da Bíblia antes do início das sessões ordinárias.O objeto da audiência é uma ação civil pública, com pedido de tutela antecipada, tendo por objeto a condenação da União Federal "em obrigação de fazer consubstanciada na retirada de todos os símbolos religiosos ostentados nos locais proeminentes, de ampla visibilidade e de atendimento ao público nos prédios públicos da União no Estado de São Paulo". Não é a primeira vez – e, acredito, nem será a última, por enquanto – que esta polêmica envolverá a Justiça Brasileira, em qualquer de suas instâncias. De um lado, os religiosos apelando pela "liberdade de culto"; do outro, cidadãos que questionam este resquício de Idade Média, ainda presente na maioria dos ambientes públicos do País.

A discussão poderia ser ainda mais ampla (e polêmica) se fosse tratar dos feriados nacionais. A maioria deles é não apenas cristão – como a Páscoa, Corpus Christi, Natal – como está baseado na liturgia da Igreja Católica Romana, sendo que algumas destas datas religiosas não são aceitas por denominações também cristãs. De fato, não há porque emaranhar-se em tema de forma tão espinhosa, o que não é o caso dos símbolos religiosos em prédios públicos. Retirá-los como respeito a ateus, judeus, muçulmanos, ou mesmo cristãos cientes dos espaços de sua crença, é a demonstração de que o Estado está baseado em símbolos de maior representação na coletividade, como a Bandeira Nacional e a Constituição Federal.

Retirar estes ícones religiosos é consentir com os sans-culottes (revolucionários burgueses) e com os iluministas da Europa do Século 18. Atuar sob este fundamento é demonstrar respeito à História do Ocidente, onde é possível crer e não crer, sem ter medo de sofrer preconceitos ou ser queimado em fogueiras públicas.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

SOBRE DUAS ENORMES BOBAGENS: A TEORIA DO BIG BANG E O PAPA


Desde a década de 40 do século passado astrônomos, cosmólogos e físicos de partículas elementares defendem a idéia de um FIAT LUX ("faça-se a luz") em termos físicos. Para um dos redatores deste blog, isto não passa de uma releitura do mito cristão da criação. O Big Bang físico viola todas as leis de conservação (energia, momento, paridade), da relatividade geral e das próprias técnicas de medição da idade das estrelas mais velhas (vejam no YOUTUBE o excelente documentário UNIVERSE: THE COSMOLOGY QUEST, dirigido por Randall Meyers). Como não bastasse esta imensa bobagem, agora vem o Benedito (papa Benedetto XVI - o nome dele foi traduzido aqui no Brasil para "Bento XVI" e não "Benedito" para não ser motivo de chacotas óbvias ...), e diz que foi Deus (sem trocadilhos ...) quem criou o Big Bang. Bobagem ofensiva!!! Veja o que "informa" a matéria do UOL abaixo:


Deus é responsável pelo Big Bang, diz papa Bento 16



A mente de Deus esteve por trás de teorias científicas complexas como a do Big Bang, e os cristãos devem rejeitar a ideia de que o Universo tenha surgido por acaso, disse o papa Bento 16 nesta quinta-feira.


"O Universo não é fruto do acaso, como alguns querem que acreditemos", disse Bento 16 no dia em que os cristãos celebram a Epifania --a Bíblia diz que os três reis magos, seguindo uma estrela, chegaram ao lugar onde Jesus nasceu.


"Contemplando (o Universo), somos convidados a enxergar algo profundo nele: a sabedoria do Criador, a criatividade inesgotável de Deus", disse o papa em sermão para 10 mil fiéis na Basílica de São Pedro.


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Nas ocasiões anteriores em que o papa falou sobre a evolução, ele raramente voltou atrás no tempo para discutir conceitos específicos como o do Big Bang, que cientistas acreditam tenha levado à formação do Universo, cerca de 13,7 bilhões de anos atrás.


Pesquisadores da Cern (sigla francesa de Organização Européia de Pesquisa Nuclear, em Genebra) vêm esmagando prótons em velocidade quase igual à da luz para simular as condições que, acreditam, teriam dado origem ao Universo primordial, do qual terminaram por emergir as estrelas, os planetas e a vida na Terra --e possivelmente em outros lugares também.


Alguns ateus afirmam que a ciência pode provar que Deus não existe, mas o papa disse que algumas teorias científicas são "mentalmente limitadoras" porque "chegam apenas até certo ponto (...) e não conseguem explicar a realidade última (...)".


PERGUNTAS SEM RESPOSTAS


O papa declarou que as teorias científicas sobre a origem e o desenvolvimento do Universo e dos humanos, embora não entrem em conflito com a fé, deixam muitas perguntas sem resposta.


"Na beleza do mundo, em seu mistério, sua grandeza e sua racionalidade (...), só podemos nos deixar ser guiados em direção a Deus, criador do Céu e da Terra", disse ele.


Bento 16 e seu predecessor, João Paulo 2º, procuram despir a Igreja da imagem de ser contrária à ciência --rótulo que ela ganhou quando condenou Galileu por ensinar que a Terra gira em volta do Sol, contestando as palavras da Bíblia.


Galileu foi reabilitado, e hoje a Igreja também aceita a evolução como teoria científica e não vê razão pela qual Deus não possa ter empregado um processo evolutivo natural para formar a espécie humana.


A Igreja Católica deixou de ensinar o criacionismo --a ideia de que Deus teria criado o mundo em seis dias, conforme descrito na Bíblia-- e diz que o relato bíblico do livro do Gênesis é uma alegoria para explicar como Deus criou o mundo.


Mas a Igreja é contra o uso da evolução para respaldar uma filosofia ateia que nega a existência de Deus ou qualquer participação divina na criação. Ela também é contra o uso do livro do Gênesis como texto científico.